domingo, setembro 28, 2008

SER TREINADOR... 4 - "A GESTÃO DOS RESULTADOS"


Não é fácil treinar equipas seniores maioritariamente jovens... é de facto uma tarefa que exige ainda mais atenção e concentração do treinador durante os treinos semanais e os jogos.

Lembro-me de quando estava na Académica no ano em que fizémos a transição para uma equipa com muito mais jovens, assente na equipa de juniores que tinha sido Campeã nacional da categoria...

Ás vezes quando necessitávamos de gerir o jogo e o resultado por estarmos em vantagem não era fácil e eu costumava dizer "lá vai o 7º de cavalaria do General Custer"... Nunca paravam que querer mais e mais e mais... e ás vezes o adversário causáva-nos uma surpresa...

Vem isto a propósito de um jogo que eu vi este fim-de-semana na minha região entre duas equipas da 3ª divisão e onde militam muitos jovens em ambas, alguns meus conhecidos de longa data e com muito potencial e qualidade.

Jogo equilibrado e emotivo que não bem jogado, talvez por ser o primeiro da sua época oficial e onde uma das equipas tem claramente maiores opções no seu plantel. Eu diria mesmo mais equilibrado porque a equipa que acabou por ganhar nunca se mostrou capaz de gerir a vantagem que tinha a seu favor e terminou a sofrer bastante e com muitos calafrios...

Num jogo com o marcador equilibrado mas onde uma equipa tinha melhor plantel e estava em vantagem é necessário saber gerir o jogo, trabalhar a bola, não correr riscos, principalmente quando o resultado estava 4-3 e faltavam por exemplo menos de 10 minutos para terminar o jogo...

Que fazer então? Tentar uma vantagem mais confortável continuando a jogar em ataque contínuo e sujeitando-nos a alguma surpresa ou fazendo circulação e manutenção da posse de bola, procurando elevar os estados de ansiedade da equipa contrária que quanto mais se aproxima o final do jogo em pior estado ficará?

Jogar normalmente com a procura de muitos passes para a zona central da equipa que perde e que por isso adianta a sua 1ª linha defensiva ou jogar antes pelas zonas exteriores com os seus jogadores perto e oferecendo constantemente linhas de passe e procurando espaço nas costas da última linha defensiva adversária ?

Parece-nos evidente a opção... No jogo em causa a equipa que estava a ganhar não fazia isso ou pela sua juventude ou por distracção.... E sofreu... sofreu, até final... falhou dois livres de 10 mts por estar sempre ao ataque..... mas o adversário teve um sem número de oportunidades para empatar... sempre em contra-ataque... um contrasenso afinal porque a equipa que perdia é que conseguia transitar para o contra-ataque.

Ser treinador é afinal muito mais do que treinar durante a semana.... É também gerir o jogo da sua equipa pelo menos uma vez por semana... Uma chatice afinal,porque seria bem mais fácil sem jogos para o campeonato e nunca estaríamos a medir-nos na nossa capacidade de técnico...

Ganhando ou perdendo, para mim sem jogos é que seria uma monotonia...

Até á próxima.

terça-feira, setembro 23, 2008

UMA NOVA ÉPOCA DESPORTIVA DAS EQUIPAS DE COIMBRA NOS NACIONAIS

Quem não tem ilusões num início de época desportiva? Directores, treinadores, jogadores, todos querem fazer melhor que na época anterior...
Muitas vezes não fizeram o trabalho de casa para preparar a nova época, mais uma vez em cima do joelho... Que jogadores foram contratados? Será que é essa sempre a solução? Ou antes será manter o núcleo duro da equipa, fazendo pequenos acertos em função das necessidades da equipa? Eu diria mais por aqui... Principalmente para quem não tem dinheiro para ir buscar grandes jogadores.
No clube do meu coração, a Académica de Coimbra quantos jogadores restam na equipa sénior da equipa junior que foi campeã nacional há dois anos? Dois. Bruno Rodrigues (Russo) e Bruno Figueiredo. Onde estão os restantes que tanto potencial têm? Jorge Campizes (S. João), João Pimentel e Bruno Rodrigues (ambos na Granja do Ulmeiro) e David Mateus (sem jogar). Se a estes juntarmos outros produtos da sua formação nos últimos anos, como André Sousa (Instituto e Campeão do Mundo Universitário), Victor Batalha (Instituto) e a se eles juntassem a soma maior que as partes de jogarem juntos há muitos anos, que grande equipa poderia ter a AAC dentro de pouco tempo.
Perdeu-se o efeito "formação" de cinco épocas de trabalho e as fornadas que aí vêm, só a mais velha ainda tem efeitos desse trabalho... Depois... que digam os seus responsáveis!
Claro que os jogadores que lá estão, os mais velhos e os mais novos que lá restam (a política encetada há alguns anos de recrutamento dos melhores valores da região ainda sopra naquela equipa) como Picasso, Cláudio Sousa, Carlitos e Zito, entre outros, devidamente enquadrados por jogadores com formação pessoal e desportiva como André Matos e Gonçalo Barão poderão tornar esta equipa mais forte este ano e promover a luta pela subida de divisão... Potencial existe, apesar dos sucessivos erros de gestão dos seus directores na construção da equipa. O treinador sabe o que necessita para ter sucesso e por esse lado com Tó Coelho não deverá haver problemas quanto á qualidade de trabalho.
Mais ao Sul na outra margem do Mondego surge o S. João, já consolidado como equipa dos nacionais na nossa opinião, desde que colaborei na transformação radical do seu plantel e dos seus métodos de trabalho... Um grande número de jovens jogadores com enorme potencial, embora com deficiências contínuas na sua formação como jogadores, fruto de uma aposta contínua errada no seu enquadramento técnico... Aos seus directores restam dois caminhos: Ou formam conveniente os técnicos que têm ou para darem o salto que desejam para patamares nacionais mais altos têm que procurar técnicos mais qualificados. A política de conservação dos seus melhores jovens foi correcta e se tiverem tranquilidade e efectuarem trabalho de qualidade na sua formação poderão retirar os seus dividendos. Mas terão que estar atentos de forma a que o reforço da sua equipa não se faça á sorte ou ao azar como foi na última época... Reforçar a equipa com jogadores com mais de 30 anos e já sem condições de jogar nos nacionais não é boa política, tal como para suprir a falta de um "pivot" na equipa, não se contrata mais um "ala". As equipas são construídas em equilíbrio de posições...
Falta o Granja do Ulmeiro que não fazendo grande trabalho na formação de jogadores, tem vindo a aproveitar os jogadores da formação da Académica, dando-lhes a possibilidade de jogarem nos nacionais. Com um trabalho de qualidade do Ricardo Soles e com João Pimentel, Bruno Rodrigues, Fábio Fonseca, João Bernardes, André Vaz, Paulo Rodrigues (todos ex-Académica) entre outros, jogadores com "boa escola", poderão fazer uma boa época, conseguindo a tranquilidade da consolidação da equipa nos nacionais.
Auguro uma época mais tranquila para as equipas de Coimbra nos nacionais, já que estas três equipas me parecem melhor preparadas para não terem surpresas negativas durante a época...
Boa sorte a todos...