sexta-feira, dezembro 31, 2004

OS RESULTADOS DA SELECÇÃO DISTRITAL DE SUB-19

Têm estado na ordem do dia os péssimos resultados da Selecção Distrital de Futsal de Sub-19 no Inter-Associações de Futsal organizado pela Federação Portuguesa de Futebol na semana passada.
Ao contrário provavelmente de muitas pessoas, a mim não surpreendeu nada os resultados obtidos e que são afinal e apenas a tradução do trabalho que não se faz nas Selecções Distritais de Futsal da Associação de Futebol de Coimbra.
Hoje a nossa modalidade (e de propósito não falo em especialidade) não se compadece com falta de organização e estruturas técnicas, organizativas e logísticas capazes de realizarem um trabalho correcto e coerente, que é afinal aquilo que tem acontecido na organização das selecções distritais.
Não se procura estabelecer um projecto coerente que em cada época e no decorrer de várias épocas permitam às diferentes selecções aperfeiçoar o trabalho que os jogadores fazem nos clubes e que permita evoluir de ano para ano, tanto do ponto de vista individual como colectivo, o que se fôr feito, potencia melhores resultados.
Em cada ano faz-se trabalho casuístico, não se aproveita o trabalho que se faz nos melhores clubes, não se aproveitam modelos de jogo e princípios de jogo trabalhados nos clubes, não se fala sequer, de forma coerente com os responsáveis técnicos desses clubes e jogadores ( e não estou a falar de conversas circunstanciais, mas de reuniões técnicas).
Por isso não se pode prever como vão ser as prestações dessas selecções. Num ano podemos ganhar os Torneios e no ano seguinte sermos últimos. Não há automatismos de jogo implementados e muitas vezes nem se dominam nas equipas técnicas constituídas, os princípios fundamentais do futsal.
Desta forma ninguém se pode queixar dos resultados. São os que se arranjaram. Cada treinador, melhor ou pior vai ser sempre vítima do sistema implementado, ou melhor da falta dele.
É evidente que se colocarem nas Selecções os treinadores mais aptos, podemos melhorar um pouco, alguma coisa, mas senão mudar o sistema de organização e de trabalho destas selecções nada mudará em profundidade.
Os treinadores vão passar ano após ano pela responsabilidade das Selecções e vão ser sempre "comidos" pela inexistência de estrutura... E não é necessário inventar muito, basta olhar para o lado e verificar o que fazem algumas Selecções de outros Distritos.
De facto não aproveitar uma Selecção de Sub-19 que tem jogadores da Académica que foram finalistas do Nacional de Juvenis de há dois anos; semi-finalistas do Nacional de Juniores do ano passado; jogadores do Vilaverdense que actuam no Nacional de Seniores da 3ª Divisão e jogadores de grande talento que actuam no CS João na Divisão de Honra Senior ( um deles inclusivé de Selecção Nacional) parece-me demais, ou seja, parece-me que nos aproximámos do bater no fundo com este 11º lugar em 13 selecções de todo o País.
Este trabalho e esta organização não prestigia os jogadores; não prestigia o trabalho que hoje já se faz nos clubes ao nível de 3 ou 4 equipas de juniores do Distrito e não prestigiará certamente uma Associação de Futebol, que obrigatoriamente tem que fazer mais e melhor pelo futsal.
Impunham-se a tomada de medidas a este nível. Provavelmente nada mudará e tudo seguirá calmamente, procurando "enterrar" o assunto e esperando que no próximo ano tenhamos mais "sorte".
Mais uma vez.

sábado, dezembro 11, 2004

CAPAZES DE TUDO!!

Na quarta-feira passada, fomos jogar a Famalicão com o ARCA e perdemos depois de estarmos a ganhar por 3-1 até 8 minutos do final. Desconcentrámo-nos e em poucos minutos estragámos tudo o que tínhamos feito no resto do tempo, onde realizámos um bom jogo. Inexperiência e falta de maturidade competitiva de alguns jogadores, fruto da tenra idade, levaram a este resultado. À partida um jogo fácil que se tornou difícil, depois de uma viagem de aventura pela A1 e em contra-relógio para chegar a horas ao jogo, depois de avaria no nosso transporte e a entrarmos no jogo sem sequer aquecermos.
Hoje, no Pavilhão Jorge Anjinho, defrontávamos o 1º classificado, o Coimbrões. Uma boa 1ª parte, equilibrada entre as duas equipas, mas onde alguns erros dos àrbitros ao assinalarem mal faltas contra nós empurraram-nos para um resultado ao intervalo de 1-3.
Falámos ao intervalo, corrigimos erros, acalmámos stress e quando fomos para a 2ª parte estávamos convictos de darmos a volta ao jogo. E démos, com uma 2ª parte de grande nível, encostámos o líder do campeonato na sua área e massacrámos autenticamente. Como habitualmente nos grandes jogos respondemos sempre bem. Por falta de maturidade e experiência às vezes facilitamos em jogos teoricamente mais fáceis. Talento existe em grande quantidade e apesar de estarmos com 3 jogadores lesionados e dois castigados, os jovens que entraram, provaram a grande qualidade do plantel e do trabalho que se faz na equipa "B", onde despontam novos valores desta equipa.
Se nos deixarem trabalhar e se os dirigentes da Académica perceberem aquilo que se está a fazer no futsal, estou certo que daremos muitas alegrias a todos nós.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

VOLTEI...........

Depois de algum tempo de ausência, motivado por falta de tempo em afazeres profissionais, que inclusivé me fizeram ausentar do País, volto para escrever algumas coisas sobre futsal.
Como não podia deixar de ser começo pela participação portuguesa no Campeonato do Mundo. É claro para todos que hoje Portugal é uma das 5 ou 6 selecções mais fortes do Mundo e provou-o nesta competição, perspectivando uma melhor participação no Campeonato da Europa em Fevereiro próximo. É evidente que não temos ainda nem a projecção, nem o dinheiro, nem o número de jogadores e equipas da vizinha Espanha, nem uma Liga Profissional, mas é também evidente que os nossos melhores jogadores estão bem perto do nível dos melhores. Como é isto possível? Fundamentalmente pela aposta de alguns clubes em melhorar as condições de trabalho destes jogadores e dos seus técnicos e pela competência e persistência do Orlando Duarte, João Rocha, Pedro Dias, que encabeçam um grupo de pessoas (ao qual me orgulho pertencer) que têm tentado, na estruturação da modalidade e principalmente na formação de treinadores por todo o País, procurado melhorar a qualidade da intervenção no campo de jogo. É aliás na minha opinião aí que residirá a nossa capacidade de melhorarmos ainda mais o nosso jogo e nos podermos aproximar ainda mais do Brasil, Espanha e Brasil B (Itália). Com um ainda maior diálogo entre treinadores e uma aposta cada vez maior na qualidade dos nossos treinadores, poderemos atingir patamares mais elevados.
A realização de maior número de cursos de nível 2 (um a decorrer em Leiria neste momento) e a proximidade (Fevereiro próximo) do início do curso de nível 3, possibilitará estou certo, melhores condições para um salto qualitativo.
Infelizmente no que ao nosso Distrito diz respeito, a realidade é distinta. As equipas do Distrito de Coimbra que participam no Campeonato Nacional da 3ª Divisão, com excepção do UD Tocha lutam para não irem parar todas aos Distritais. Ao contrário do que possa parecer, o nível dessa 3ª Divisão, em qualquer das series é menor do que no ano passado (veja-se na serie do Cernache e Vilaverdense o 3º classificado a 1 ponto do primeiro é o Amarense que no ano passado se livrou por pouco de descer aos Distritais de Leiria). Trabalha-se pouco e sobem-se as expectativas em demasiado e depois vêm as desilusões. Melhorar as condições nos clubes e investir mais dinheiro na modalidade é importante, mas o fundamental é trabalhar mais e principalmente melhor no campo de jogo. Hoje a disputa dos campeonatos nacionais exige mais e melhor trabalho e mesmo assim é difícil. O Distrito de Coimbra está a atrasar-se, têm a palavra a Associação de Futebol de Coimbra e todos nós como agentes do futsal.
Na Académica-OAF é tempo de eleições. Ganhe quem ganhar espero que cumpram as promessas eleitorais para com o futsal. Já é tempo de à semelhança de clubes com a mesma dimensão ou ainda maior que a da Académica, se apostar de forma verdadeira e justa numa modalidade que é a segunda mais importante do País. Já chega de uma luta do futsal da briosa contra tudo o que são falta de condições para trabalhar, honra seja feita, melhoradas um pouco no último ano. Comparando as condições que temos tido com as condições dos clubes com quem competimos na 2ª Divisão Nacional, alguns com orçamentos de 1ª Divisão, poucas possibilidades teríamos. Mas como trabalhamos muito e parece-me, bem, aí estamos na luta, com 11 pontos em 8 jogos, mas com muitos ainda por conquistar. Nas próximas 3 semanas, jogamos 4 jogos (3 em casa e 1 fora) e se conquistarmos como desejamos e trabalhamos para isso, esses pontos, estou certo, "encostaremos" nos lugares da frente. Mais do que isso importa estabilizar a equipa num lugar tranquilo e depois logo veremos.
A equipa "B" aí vai. Com um jogo consolidado, os mais jovens dos seniores seguem isolados na frente de um Campeonato de pouca qualidade e muito pontapé para a frente, o "futsal à inglesa", como lhe chama o Orlando Duarte. Ver as equipas que nos seguem na classificação a atirar bolas para a frente e a defender com unhas e dentes, não permitirá a consolidação do nosso projecto de processo de treino e jogo, nem a evolução dos nossos jogadores. Não sei se ganharemos ou não este Campeonato, tenho essa convicção pessoal, apesar de um respeito absoluto pelos nossos adversários, mas se o fizermos, serão dois anos seguidos a ganhar este Campeonato. Necessitamos que a nossa Associação veja que é justo e coerente a possibilidade desta nossa equipa "B" poder subir à Divisão de Honra, porque isso permitirá a evolução dos jogadores mais jovens da melhor equipa de futsal do Distrito de Coimbra, a Académica, aumentando inclusivé a competitividade na Divisão de Honra. Não ver isso é cegueira absoluta e clubismo demasiado.